Olímpíada de Língua Portuguesa – textos selecionados

Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro é um concurso de produção de textos para alunos de escolas públicas de todo o país, do 5º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. Iniciativa do Ministério da Educação e da Fundação Itaú Social, com coordenação técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), em 2016 promove sua 5ª edição.

A Secretaria Municipal da Educação e Cultura de Luiz Alves e a coordenação municipal da OLP parabenizam os estudantes e professores que participaram da Olimpíada de Língua Portuguesa, sobretudo os autores dos  textos selecionados nas escolas e a nível municipal.

 

TEXTOS SELECIONADOS PELAS ESCOLAS: (os textos estão anexos no final da página)

O lugar onde vivo – Marcelo Juvenal da Costa – EM Arlindo Benvenuto Zimmermann

Lugar onde vivo – Rodrigo William Rocha –  EEB Gov. Irineu Bornhausen

Recanto de paz – Ana Carolina Brisdo – EEB Gov. Irineu Bornhausen

O lugar onde eu vivo – Laura Wilbert – EEB Tenente Anselmo José Hess

Águas de 1970 – Amabily Fernanda Kremer – EEB Tenente Anselmo José Hess

Terra de encantos – Leandro Pereira Barboza – EM Celeste Scola

Uma cidade especial – Edivaldo Gabriel Cruz de Almeida – EM Henrique Keunecke

Cidade comum? Nem pensar! – José Henrique Pereira – EB João Gaya

Luiz Alves, meu Paraíso – Andressa Thaís Rincus – EEB João Gaya

Lugar de coisas belas – Emilly Rayana Maciel – EM Vendelim Schweitzer

Recanto querido – Ryan Zappelline – EBM Prof. Rafael Rech

Um vestidinho xadrez florido – Carla Paulina Stein – EBM Prof. Rafael Rech

O cotidiano de um colono – Gabriela Rech – EBM Prof. Rafael Rech

 

TEXTOS SELECIONADOS PELA COMISSÃO JULGADORA MUNICIPAL PARA A ETAPA ESTADUAL:

Categoria: Crônica 

Título: Cidade Comum? Nem pensar!

Aluno: José Henrique Pereira

Professor: Cláudio Lamim

Escola: EEB João Gaya

Questiono-me ao vagar pelas estradas desertas no orvalho do anoitecer, a excentricidade que Luiz Alves disponibiliza. Vivo em um local onde semáforos não colorem a paisagem, onde as sirenes dificilmente cantam para a população. Vivo em um local, onde as maravilhas que a natureza nos propõe, são as atrações principais de um espetáculo surreal.

Como acordaria esse centro de diversidade pela manhã? Gostaria de ficar acordado até o amanhecer, para ouvir os pássaros cantarolando e ver o nascer do sol acima do vale que cerca a região. Durante a noite, o vento sopra ao relento o suor dos agricultores, que ao longo do dia fizeram florescer as riquezas de uma cultura autêntica.

A cada passo temos uma surpresa que nos aguarda. Cachoeiras magníficas que transportam em suas águas, as memórias de um povo que sempre lutou sem cessar por seus direitos, e recordações religiosas que dão vida ao ambiente. Casas antigas encontram -se distribuídas pelo município, como vestígios da pluralidade étnica que povoou o lugar. Diversos alambiques honram o título de “Cidade da Cachaça”, sendo mais um entretenimento turístico com grande destaque.

A singularidade que me encanta, é o contraste existente entre o coração urbano, onde os comerciantes esbanjam eloquência e carros modernos transitam pelas avenidas, e o meio rural, no qual podemos ver os trabalhadores frenéticos na esperança de colher bons frutos, e tratores e máquinas utilizadas no campo.

Não poderia caminhar em meio ao céu estrelado, e deixar de observar as praças e escolas, imaginando as crianças correndo enérgicas sem medo de serem felizes. Porém, não sei ao certo até quando essas e outras crianças terão essa liberdade que corre em suas veias. Sei o verdadeiro significado de ser livre e andar com segurança, e espero que as gerações futuras desfrutem dessas dádivas também.

Na ironia do destino nasci e cresci em lugar de encantos e que tanto amo. Ar puro, silêncio e pessoas cativantes e acolhedoras. Aqui, não há conflitos entre cidade e campo, apenas parceria que deve ser mantida para haver harmonia e benefício mútuo. 

Sentado ao lado da cachoeira, com o som das quedas d’água vejo minha cidade no futuro, desenvolvida com sustentabilidade, permanecendo preservada toda sua essência.

Metamorfose é a palavra certa para descrever essa cidade em evolução. O que importa não é expandir o processo de urbanização, mas manter e aprimorar os valores que nossos antepassados nos passaram, para que possa duplicar as belezas do horizonte e as conquistas de um povo lutador.

 

Categoria: Memórias literárias 

Título: Águas de 1970 

Aluno: Amabily Fernanda Kremer

Professor: Maria Eloiza Vilvert

Escola: EEBTenente Anselmo José Hess

Minha mãe Verônica sempre recorda fatos bons de sua vida e conta para mim e meus irmãos. Então quando expliquei sobre a OLP 2016 ela resolveu que contaria algo marcante e nada bom que ela e sua família presenciaram, mas que ajudou a fortalecer sua fé.

Em minha memória os dias 31 de janeiro e 01 de fevereiro de 1970 sempre ficarão marcados. Eu e meus irmãos já havíamos presenciado enchentes de pequeno porte, onde ainda conseguíamos dormir um pouco mais tranquilos.

Dia 31 foi um sábado chuvoso, lembro-me que era festa de São João Bosco em Alto Canoas, mas não nos atrevemos a sair de casa. Era como se minha mãe soubesse o que estava por vir. A chuva aumentou e choveu de uma forma que eu nunca tinha presenciado em meus 14 anos de vida. Era tão forte que nos ocupávamos tentando evitar que as bacias das goteiras transbordassem e deixassem o piso de madeira de nossa casa ainda mais úmido.

Eu e todos os meus onze irmãos estávamos com medo. Sempre contaram-nos na catequese e nas missas que um dia acontecera o dilúvio, e como crianças ingênuas que moravam em cidade pequena e sem muita informação, achávamos que o mundo iria acabar enquanto estávamos todos juntos ali.

A mãe apenas nos aconselhava a orar e pedir a Deus que nos protegesse de tudo aquilo e não somente a nós, mas todos nossos amigos e vizinhos. A oração trazia de novo aquela esperança que a água tinha levado junto com os barris de cachaça de nosso pequeno engenho. Ali, na força da oração, a família Muller se abrigava contra todas as tempestades e temores junto a Jesus, Maria e José.

A água foi até a porta, mas por sorte não se atreveu a entrar. Depois de virar a noite com medo, o domingo não foi muito diferente, pois a sensação de que seria o fim continuava nos assombrando. Olhávamos para os lados e víamos destruição, casas arrastadas pela água, animais sendo levados pelo entulho acumulado, pontes arrancadas. Era um caos completo.

No dia 02, pela manhã, vimos que as águas haviam baixado e os vizinhos já conseguiam se encontrar para uma prosa sobre a destruição que tomara conta de Luiz Alves.

Então com aquele jeito de cidade pequena, os vizinhos foram se ajudando e reconstruindo suas casas. A prefeitura não tinha como ajudar a todos e optava por consertar as vias de acesso principais, e nós mesmos arrumamos nossas estradas, construímos nossas pontes e com nosso esforço conseguimos nos reerguer.

As águas de 1970 levaram nossos barris de cachaça, nossas vacas, cercas e porteiras, mas não levou nossa fé e nem nosso amor. Aqueles dias me ensinaram que os bens materiais vão e vem, mas o que temos em nosso coração e em nossa memória, enchente nenhuma é capaz de levar embora.

 

Categoria: Poema 
Título: LUGAR DE COISAS BELAS 

Aluno: Emilly Rayana Maciel

Professora: Maria Gorete Balbino Pereira

Escola: EM Vendelim Schweitzer

Do lugar onde vivo não tenho o que falar
E muito menos o que reclamar.
Somente coisas belas a elogiar
E também para se admirar!

Os pássaros sempre a cantar
Ao som dos carros a passar.
Eu na sala sempre a escutar
Os vizinhos a conversar.

Vou a escola com alegria
Um sorriso a cada dia.
Sempre volto em boa companhia
Um dia almoço na vó e outro na tia.

Em dias quentes
Visto meu shorts e vou visitar meus parentes.
Em dia de frio
Tenho preguiça de ir até o tio.

Moro ao lado de tanta gente
Que ao dizer bom dia, abrem um sorriso contente.
Não troco por nada
O lugar onde tenho minha morada.

Bom, a noite vem vindo
E eu vou me despedindo.
A todos eu agradeço
Mas não é o fim, apenas o começo.

 

Comissão Julgadora Municipal:

Ilda Maria Graf – coordenadora municipal da OLP

Solenir Cunha Kammer – professora

Marili Teresinha Rossi Müller – Graduada em Letras e Jornalismo

José Augustinho Martini – professor

Rosemeri de Arruda Pinheiro – representante da OLP da rede pública estadual –  GERED de Blumenau